TÓIBIN, COLM







COLM TÓIBIN

Colm Tóibin nasceu na Irlanda, em 1955. Depois de se formar em História e Inglês, Tóibin seguiu em 1975 para Barcelona chegando a participar de muitas manifestações pela democratização do país e, em especial, pela autonomia catalã. Sua relação com a Catalunha está registrada nos livros Homage to Barcelona e The South, seu primeiro romance. De 1978 a 1985 viveu em Dublin escrevendo para vários jornais e revistas, inclusive com reportagens feitas por ele em 1985 durante uma viagem pela América do Sul e África. Nos anos 1990, publicou ficções e livros de ensaios. Desde 1994 escreve resenhas para London Review of Books. Em 2004 lançou seu quinto romance, The Master. Obras publicadas no Brasil: História da Noite (Record) e O Sul (Record).


LIVRO ESCOLHIDO - EDITORA COMPANHIA DAS LETRAS

O MESTRE

O Mestre é um romance sobre a vida do escritor americano Henry James (1843-1916), autor de clássicos como Retrato de uma senhora e Os embaixadores. Para compor a obra, o irlandês Colm Tóibín empreendeu uma pesquisa minuciosa em biografias do autor e de membros de sua família, em obras críticas e nas cartas trocadas entre Henry James, seu irmão William e alguns dos amigos mais próximos do escritor. Mas a pesquisa documental é apenas ponto de partida para Tóibín construir uma narrativa apaixonada e envolvente, que homenageia Henry James e procura desvendar alguns dos mistérios que permeiam a vida daquele que ficou conhecido como "o mestre" das letras americanas, notório por seu comportamento reservado e pela indefinição de sua vida sentimental. O romance compreende os cinco anos que vão de janeiro de 1895 até outubro de 1899, um período delicado para o escritor. Consagrado por Daisy Miller (1879) e Retrato de uma senhora (1881), James depositava esperanças de sucesso financeiro na literatura dramática, mas a estréia de sua peça Guy Domville (1895), encenada em Londres, foi vaiada na presença do próprio autor. O Mestre compõe um retrato de Henry James como um escritor dividido entre a necessidade profunda de isolamento e privacidade e o talento de observador da comédia humana, com uma capacidade notável de explorar sutilezas dos relacionamentos sociais e amorosos - características que fizeram dele um dos escritores mais refinados de todos os tempos. "Audacioso, profundo e de uma inteligência extraordinária." - The Guardian "Um romance belo, engenhoso e comovente." - The New York Times "Descrições evocativas e precisas, tonalidade melancólica mas serena, escrita sonora mas não pomposa - uma prosa magistral." - Washington Post
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MÃES E FILHOS
São, como anuncia o título, os laços maternos, rompidos ou pendentes, que alimentam estas nove ficções curtas. O tema, sempre ameaçado de esgotamento , impõe, por outros meios, vitalidade a "Mães e Filhos".Tanto mães como filhos encontram-se, da primeira à última página, submetidos a um tipo de conexão que os converte em criaturas de exceção.Um criminoso e um depressivo até perambulam por estas histórias, mas o autor não se satisfaz na compaixão pelos desajustados.Ele prefere sondar o passado de modo mais ou menos reticente, sem que de lá traga uma razão pronta, tampouco uma satisfação que agrade a todos ou resolva problemas.Mais até que filhos desajustados, são as mães que tentam escapar de seus lugares projetados pelos filhos (ou que estão radicalmente ausentes na figura de mortas recentes) que tornam estes relatos tão angustiantes.Sobre eles paira uma forma de indecisão, quase sempre na figura de um passado que retorna subitamente, como em "Famous Blue Raincoat", canção que dá título a um dos contos mais sofridos do lote.Aqui, um passado encaixotado é involuntariamente libertado e, com ele, traz uma dor contida. A memória nos relatos de Tóibín não chega a ser, numa chave proustiana, um meio de busca. Seu efeito parece mais colateral, como um relâmpago (ou um choque) que traz de volta ao presente o impacto dos traumas.Figurados como retorno, reaparições ou reencontros, o que eles guardam em comum é o fato de não promoverem nenhum tipo de solução, o que se reflete nos fins sem conclusões que se repetem neste conjunto de histórias.Conduzido por este tipo de situação reiterativa, os ciclos de desencontro alcançam o ápice em "Um Longo Inverno", última, mais extensa e impactante história do conjunto.Nela, a desaparição súbita da figura da mãe coloca pai e filho em situação primeiro de busca, depois de espera, num suspense que revela muito enquanto pouco conta.Com o artifício das histórias de mistério, Tóibín nos conduz para a zona de sombra e de indefinições que torna a leitura de seus textos um exercício que proporciona um salutar desconforto.
(CÁSSIO STARLING CARLOS, Folha de São Paulo, 30/11/2008)

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