ALBERT CAMUS
Albert Camus (Mondovi, 7 de novembro de 1913 — Villeblevin, 4 de janeiro de 1960) foi um escritor e filósofo nascido na Argélia. Na sua terra natal viveu sob o signo da guerra, fome e miséria, elementos que, aliados ao sol, formam alguns dos pilares que orientaram o desenvolvimento do pensamento do escritor. Sob estas diretrizes, não é sem sentido que sua obra (filosófica e literária) tenha o absurdo como estandarte. Grosso modo, seus livros testemunham as angústias de seu tempo e os dilemas e conflitos já observados por escritores que o precederam, tal como Franz Kafka, Dostoiévski. Esta proximidade entre Camus e estes dois autores evidencia uma cadeia que se estende até os dias atuais, indica a fonte de um movimento heterogêneo - abrange arte, teatro, literatura, filosofia -, que por conveniência poderemos identificar como a estética do absurdo. Alguns ilustres filiados a este movimento cujo foco é o absurdo são eles: Samuel Beckett e Eugène Ionesco. Conhece Sartre em 1942 e tornam-se bons amigos no tempo de pós-guerra. Conheceram-se devido ao livro "O Estrangeiro" sobre o qual Sartre escreveu elogiosamente, dizendo que o autor seria uma pessoa que ele gostaria de conhecer. Um dia em uma festa em que os dois estavam, Camus se apresentou ao Sartre, dizendo-se o autor do livro. A amizade durou até 1952, quando a publicação de "O Homem Revoltado" provocou um desentendimento público entre Sartre e Camus. Camus morreu em 1960 ao sofrer um acidente automobilístico. Em sua maleta estava contido o manuscrito do "O Primeiro Homem", um romance autobiográfico. Por uma ironia do destino, nas notas ao texto ele escreve que aquele romance deveria terminar inacabado. Em seu bolso constava um bilhete de comboio para sua viagem para fora do país, sob razões até hoje nunca esclarecidas.
LIVRO ESCOLHIDO - EDITORA RECORD
O AVESSO E O DIREITO
A frase acima é um excerto do prefácio que Camus escreveu em 1958, quando finalmente consentiu que seu primeiro livro, O Avesso e o Direito, fosse relançado. Originalmente publicado quando o autor tinha apenas 22 anos, Camus proibiu a republicação durante longo tempo precisamente por sua insatisfação com relação à imaturidade desses escritos. Diz, no prefácio: "Os preconceitos que alimento sobre arte, a despeito de mim mesmo, impediram-me, durante muito tempo, de pensar em sua reedição". Embora Brice Parain afirmasse que este era o que de melhor Camus havia escrito, o argelino dá-se o direito de discordar. Entretanto, em um aspecto este concorda com seu crítico: "Há mais amor verdadeiro nestas páginas do que em todas as que se seguiram". O que já surge nos contos filosóficos de O Avesso e o Direito é a sempre franca reflexão sobre a existência humana que constitui a marca deste autor. Aqui Camus reflete sobre todos os temas que mais tarde se consolidaram como centros de sua obra: a solidão, a morte, o exílio, o absurdo. Entretanto, não só de dores são feitos os escritos camusianos. Reside neles também o lado solar do argelino, expresso por sua característica paixão pelo clima mediterrâneo: é a felicidade sensível, talvez o único meio de redenção humana. O mesmo homem que caminha pelo lado escuro da vida, e que mais tarde será o autor de um dos mais profundos e sinceros tratados jamais escritos sobre o lado negro do homem, A Queda, traz em sua alma um eterno verão - o que o leva, inevitavelmente, a uma redenção através dos sentidos. "Afinal, o sol nos aquece os ossos, apesar de tudo", são as últimas palavras do primeiro ensaio literário do livro.
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