CANDIDO, ANTONIO


ANTONIO CANDIDO


Antonio Candido de Mello e Sousa (Rio de Janeiro RJ 1918). É escritor, ensaísta e professor universitário. Um dos principais críticos de literatura e cultura brasileira do século XX, foi professor na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo, no Departamento de Teoria Literária e Literatura Comparada, do qual foi um dos fundadores. Também lecionou na Faculdade de Ciências e Letras de Assis, da Universidade Estadual Paulista, e no Instituto de Estudos da Linguagem, da Universidade Estadual de Campinas. Entre suas principais obras estão a Formação da Literatura Brasileira (1959) e Literatura e Sociedade (1965). Estréia no jornalismo na década de 1940, escrevendo crítica literária para a revista Clima, Folha da Manhã e o Diário de São Paulo. Um dos criadores e iniciadores do Suplemento Literário de O Estado de S. Paulo, colaborou em várias publicações, entre elas a Revista do Brasil, Leia Livros, Revista do Instituto de Estudos Brasileiros, Revista USP, Argumento, Remate de Males. Desde a década de 1940 atua em movimentos e partidos de esquerda, e em 1980 foi um dos fundadores do Partido dos Trabalhadores, do qual é militante. Segundo Luciana Stegagno-Picchio, "uma das mais agudas e cônscias inteligências do atual mundo cultural brasileiro, crítico sociólogo no sentido de que a sociologia é uma das lentes de que ele se vale para focalizar os problemas humanos".

LIVRO ESCOLHIDO - EDITORA OURO SOBRE AZUL

FORMAÇÃO DA LITERATURA BRASILEIRA


Este livro estuda dois períodos de nossa literatura, Arcadismo e Romantismo, considerados pelo autor decisivos para a formação do que denomina sistema literário, isto é, a articulação de autores, obras e públicos de maneira a estabelecer uma tradição. Esta gera a continuidade, que dá à produção literária o caráter de atividade permanente, associada aos outros aspectos da cultura. Este modo de ver diverge da historiografia tradicional, porque adota como critério classificatório a constituição da literatura como atividade regular na sociedade, não como expressão de algum sentimento nacional.
No Brasil sempre houve a produção de textos importantes, desde Anchieta no século XVI. No entanto, segundo o autor, só a partir de meados do século XVIII começa a ser possível falar, não de obras isoladas, e sim do esboço de uma literatura propriamente dita. Portanto, o seu intuito não foi estudar toda a literatura do Brasil, mas os períodos durante os quais ela adquiriu o caráter de sistema, conforme a definição acima. A partir deles, a literatura passou a ser uma instituição da sociedade, não simples ocorrência de textos, por mais importantes que fossem, como são de fato, por exemplo, no século XVII os de Gregório de Matos (inéditos até o século XIX) e do padre Antonio Vieira; ou o de Rocha Pita na primeira metade do século XVIII.
Mas a concepção de sistema literário é a moldura, não o essencial do livro, embora tenha sido o que chamou a atenção dos críticos. O essencial é o estudo analítico das obras, que o autor procura abordar em leituras renovadoras para o momento em que o livro foi preparado e redigido, isto é, de 1945 a 1957. Por isso, embora nos pressupostos e no tratamento geral ele proceda como historiador da literatura, o que lhe interessou mais foi atuar como crítico, de capítulo a capítulo, focalizando cada obra e procurando estabelecer a sua correlação com as demais.

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