PIOTR ALEKSEIEVITCH KROPOTKIN
Seu pai, Príncipe de Smolensk, Alexei Petrovich Kropotkin, afirmava pertencer a antiga casa real de Rurik que governara Moscou antes dos Romanov. Sua mãe, Yekaterina Nikolaevna Sulima, filha de um general do exército russo, tinha dotes artísticos (gostava de ler, escrever e pintar) e inclinações pelos ideais liberais.
Na infância, época em que viveu numa casa de campo em Kaluga, teve contato com leituras de Pushkin, Nekrasov, Chernyshevsky (jornalista radical), tudo graças a tutores que cuidaram de sua educação nesta época.
Com quinze anos foi matriculado no Corpo de Pagens, a mais exclusiva escola militar da Rússia czarista, por ordens do próprio Nicolau I, onde eram educados somente 150 garotos na sua maioria filhos da realeza palaciana. Nesta época, entre 1857 e 1861 Kropotkin viu florescer uma atividade intelectual forte em seu país e passou a receber influências da nova literatura liberal revolucionária. Demonstrou grande interesse pelos enciclopedistas franceses assim como pela história deste povo. Com o passar dos anos também dirigiu sua atenção às condições do campesinato russo.
Em 1862 foi promovido para o exército. Como membro do corpo de pagens tinha possibilidades de escolher o regimento o qual gostaria de servir, no que optou pelo dos Cossacos Siberianos no recém conquistado distrito de Amur. Lá tinha perpectivas de conseguir um cargo administrativo. Sua condição de Sargento da Corporação implicava em, por um ano, ter sido pagem pessoal do então czar, Alexandre II.
Na Sibéria fez vistorias aos cárceres e à situação dos condenados daquela divisa. As condições deploráveis e o descaso das autoridades impressionavam-no.
Sua reputação como geógrafo se deu em grande parte pelas viagens que realizou nesta época pelo oriente siberiano onde percorreu cerca de 50 mil milhas a fim de explorar um terreno ainda muito virgem. Fez observações e desenvolveu teorias sobre as estruturas das cadeias montanhosas e platos da Ásia Oriental. Contribuiu também para o conhecimento da história da Terra.
Kropotkin foi um dos principais anarquistas da Rússia e um dos defensores do que ele mesmo chamava de "comunismo libertário".
A base de tal concepção encontra-se na idéia de que o critério para o consumo (tanto de bens quanto de serviços) dos indivíduos não seja o trabalho, mas a necessidade. Kropotkin advogava assim um sistema de distribuição livre da produção, conceito este que está ligado ao raciocínio de que não é possível medir a contribuição isolada de um indivíduo na produção social, e que, portanto, uma vez realizada, toda ela deva ser desfrutada socialmente.
Kropotkin vê, socialista que é, a coletivização dos meios de produção como o objetivo da transformação social, mas, diferentemente de alguns, infere que a este fenômeno seguiriam como consequência inevitável a distribuição livre e a extinção de qualquer sistema de salários.
Numa tal sociedade a produção seria orientada para o consumo e não para o lucro. E Kropotkin vai além em suas considerações sobre esta outra forma de sociabilidade ao vislumbrar uma ciência dedicada a descobrir meios para conciliar e satisfazer as necessidades de todos.
Ao problema que se levanta quando se pensa a distribuição livre, Kropotkin não vê aí uma abertura para a instauração de um governo revolucionário, pelo contrário, diz ser a cooperação voluntária o substituto tanto para a propriedade privada quanto para a desigualdade, categorias nas quais se fundamentam o Estado. Neste sentido, Kropotkin defende um sistema de administração pública fundada na idéia de comuna não apenas enquanto unidade administrativa mais próxima do povo e de suas preocupações imediatas, mas também enquanto associação voluntária que reúne os interesses sociais representados por grupos de indivíduos diretamente ligado a eles.
A união destas comunas produziria uma rede de cooperações que substituiria o Estado.
Por causa de seu título e sua proeminência como um anarquista no final do século XIX e começo do XX, ele foi conhecido por alguns como "o Príncipe Anarquista".
Sua Obras
Kropotkin deixou muitos livros, panfletos e artigos, os mais conhecidos trabalhos foram:
A Conquista do Pão
Campos, Fábricas e Oficinas
Ajuda Mútua: Um Fator de Evolução, sobre o apoio mútuo na natureza e nas sociedades humanas
Encyclopædia Britannica de 1911, como contribuidor.
Em Torno de uma Vida ou Memórias de um Revolucionário, autobiografia
Humanismo Libertário e a Ciência Moderna - editado no Brasil pela Mundo Livre, o título, O anarquismo e a ciência moderna, foi alterado para ludibriar a ditadura militar.
As prisões - analisa os sistemas prisionais existentes em diversos países.
LIVRO ESCOLHIDO
AJUDA MÚTUA
Em 1902 O Apoio Mútuo, em que contrapõe às teses de darwinismo social deTomás Huxley (“onde é patente a influencia de Rousseau”- segundo um autoranarquista como George Woodcock) que pregava que na sociedade como na natureza os mais fortes vencem os mais fracos em uma eterna luta pelasobrevivência, demonstrando através da citação de espantosa quantidade de fatos que as espécies animais, inclusive a humana, que mais prosperaram foram as que praticaram a ajuda mútua para com seus semelhantes e que os momentos de maior progresso na história da humanidade foram aqueles em que instituições (os Estados, as Igrejas) e classes predatórias (a aristocracia, a burguesia) estavam em baixa.
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