CALVINO, ITALO


ITALO CALVINO


O escritor Italo Calvino nasceu em 1923, em Cuba, por onde seus pais, cientistas italianos, estavam de passagem. Sua infância foi em San Remo, na Itália. Em 1941, matricula-se na Faculdade de Agronomia de Turim; mas abandona os estudos ao engajar-se na Resistência Italiana contra o exército nazista. Ao final da guerra, Calvino vai morar em Turim, onde se doutora em letras com uma tese sobre Joseph Conrad. Em 1947, lança seu primeiro livro, inspirado em sua participação na Resistência. Passa a trabalhar para o jornal comunista L'Unità e, depois, na editora Einaudi. Só a partir dos anos 1950 Calvino começaria a escrever as obras que o tornaram famoso internacionalmente. Seus primeiros grandes sucessos são O Visconde Partido ao Meio (1952), O Barão nas Árvores (1957) e O Cavaleiro Inexistente (1959). Em 1956, Calvino se desliga do Partido Comunista. Em 1972, publica Cidades Invisíveis. Se um Viajante numa Noite de Inverno, de 1979, explora com ironia a relação do leitor com a obra literária. Palomar é de 1983. Traduzidos para inúmeras línguas, os três têm lugar de destaque no repertório da literatura pós-moderna da Europa. Calvino morreu em 1985, consagrado como um dos mais importantes escritores italianos do século 20. Entre seus muitos outros livros incluem-se Seis Propostas para o Próximo Milênio, Amores Difíceis e O Castelo dos Destinos Cruzados.

LIVROS ESCOLHIDOS – EDITORA COMPANHIA DAS LETRAS


AS CIDADES INVISÍVEIS
( L! )

"Se meu livro As cidades invisíveis continua sendo para mim aquele em que penso haver dito mais coisas, será talvez porque tenha conseguido concentrar em um único símbolo todas as minhas reflexões, experiências e conjeturas." Assim se refere o próprio Italo Calvino - um dos escritores mais importantes e instigantes da segunda metade do século XX - a este livro surpreendente, em que a cidade deixa de ser um conceito geográfico para se tornar o símbolo complexo e inesgotável da existência humana.

SE UM VIAJANTE NUMA NOITE DE INVERNO

Nesse romance, Calvino consegue uma proeza notável: unir o prazer voraz da leitura às tortuosas questões da vanguarda literária. No centro de sua preocupação está um tema que os teóricos chamam de "crise da representação", ou seja, no mundo capitalista contemporâneo, dividido, múltiplo, alienado, não teriam mais lugar os romances tradicionais, com princípio, meio e fim, que constroem personagens e organizam o mundo, dando um sentido às coisas. O leitor de hoje estaria condenado ou à leitura espinhosa de obras que se debruçam sobre si mesmas e procuram desesperadamente uma saída para a literatura, ou à superficialidade descartável das obras de simples entretenimento. Calvino "socorre" esse leitor que é inquieto e exigente mas que gostaria que os autores escrevessem livros "como uma macieira faz maçãs". Para isso, faz do próprio leitor seu personagem principal, cuja grande missão é ler romances. E tal como você, leitor(a), ele entra numa livraria e compra este livro: Se um viajante numa noite de inverno. É aí que começa a história.

BARGHOUTI, MOURID


MOURID BARGHOUTI



O poeta palestino, Mourid Barghouti, de 62 anos, esteve recentemente no Brasil para participar da 4ª Festa Literária Internacional de Parati. Nascido em Deir Ghassaneh, na Palestina, cresceu em Ramallah, mas foi forçado a passar dezessete anos no exílio devido à sua militância na Organização para a Libertação da Palestina (OLP). Escreveu treze livros de poesia e recebeu o Prêmio Palestino de Poesia em 2000. Eu vi Ramallah, escrito em 1997, mas só lançado aqui em 2005 pela Casa da Palavra, narra o retorno a sua terra natal após uma ausência de trinta anos.Mourid Barghouthi vive exilado num ir e vir entre a cidade do Cairo, no Egito, onde mora com sua esposa Radwa e a filha Tamim, e Amã, na Jordânia, onde está a casa de sua mãe. O poeta afirmou não sentir saudade da Palestina, porém nutre o desejo de retornar, mesmo sabendo que já não é mais o mesmo lugar. Lamenta ver seu desejo obstruído pela ocupação, pelas leis vigentes, por não possuir passaporte, pelo risco de ser preso nos postos das fronteiras.Mourid, em longas conversas com a imprensa, falou sobre o que é ser palestino: “somos um povo submetido à invisibilidade, vistos apenas com um problema, como vítimas ou criminosos. Mas nós, palestinos, não somos um problema, e os refugiados não podem ser reduzidos a meras estatísticas”.No que diz respeito a escrever sobre sua própria vida, o poeta palestino rebate afirmando que, ao escrever a seu respeito, sobre si mesmo, falando de sua vida, está consciente de estar escrevendo também sobre a vida da maioria dos palestinos, estejam eles vivendo lá, sob ocupação, aqui no Brasil, em países árabes ou em qualquer outro lugar do planeta.

LIVRO ESCOLHIDO - EDITORA CASA DA PALAVRA
EU VI RAMALLAH

Traduzido diretamente do árabe, Eu vi Ramallah descreve a experiência do retorno de Mourid Barghouti à Palestina, sua terra natal. Com prefácio do norte-americano Edward W. Said, especialista em estudos árabes, e texto do próprio Barghouti para a edição brasileira, o livro alcança leitores de diferentes povos, culturas e experiências de vida. Isento de fundamentalismos, o livro trata de uma realidade não muito distante de grande parte da população mundial: o conflito milenar no Oriente Médio, envolvendo sobretudo o Estado judeu e a Nação palestina.

AUERBACH, ERIC


ERICH AUERBACH

Erich Auerbach (9 de Novembro, 1892 em Berlim - 13 de Outubro, 1957 em Wallingford, Connecticut) foi um filólogo alemão e estudioso de literatura comparada assim como crítico de literatura. Seu trabalho mais conhecido é Mimesis, uma história da representação na literatura ocidental dos tempos antigso até os modernos.Auerbach, que era judeu, foi estudante da tradiçao filólogica alemã e se tornaria eventualmente, junto com Leo Spitzer, um dos seus maiores representantes. Depois de participar de combates na Primeira Guerra Mundial, conseguiu seu doutorado em 1921 e se tornou membro da Faculdade de Filologia na Universidade de Marburg, publicando seu aclamado estudo chamado Dante: Poeta do Mundo Secular. Com a ascenção do Socialismo Nacional, entretanto, Auerbach foi forçado a abandonar essa posição em 1935. Exilado da Alemanha, ele residiu em Istambul, Turquia, onde escreveu Mimesis: A representação da Realidade na literatura ocidental, considerado sua obra-prima.Ele posteriormente mudou-se para os Estados Unidos em 1947, ensinando na Universidade Estadual da Pennsylvania e então trabalhando no Intituto de Estudos Avançados; finalmente investiu-se como Professor de Filologia do Romance na Universidade de Yale em 1950, uma posiçao que manteve até sua morte em 1957. Enquanto esteve lá, foi orientador de doutorado de Fredric Jameson.



LIVRO ESCOLHIDO - EDITORA PERSPECTIVA


MIMESIS ( L! )



Obra obrigatória para quem se dedica aos estudos filológicos e estéticos sobre a literatura do Ocidente. Trabalho de erudição e agudeza crítica, escrito no exílio, na Turquia, para escapar ao terror nazista, e que constitui um exemplo da possibilidade de conexão entre a análise diacrônica (fenômenos sociais / artísticos que ocorrem através do tempo) e sincrônica (estuda o sistema sígnico num dado ponto no tempo, sem considerar sua história) e da fecundidade de sua aplicação, para uma leitura atualizada dos grandes textos da criação literária.





LIVRO ESCOLHIDO - EDITORA 34


ENSAIOS DE LITERATURA OCIDENTAL  (L!)

Nome fundamental da crítica literária do século XX, Erich Auerbach, autor de 'Mimesis' (1946), aliou a filologia a uma visada múltipla, capaz de colher inspiração tanto na sociologia, na história das idéias e na filosofia, como no curso doloroso do mundo contemporâneo. Em seus ensaios, a leitura cuidadosa das obras se converte numa forma quase artística de indagação da experiência humana na história. Neste volume, os organizadores reuniram quinze estudos publicados entre 1927 e 1954, quase todos inéditos em português. No conjunto, eles cobrem três décadas de tribulação pessoal - da Alemanha natal ao exílio em Istambul e nos Estados Unidos - e toda a gama de temas a que Auerbach se dedicou; a idéia cristã de 'estilo humilde', as obras de Dante e Vico, a literatura francesa de Montaigne a Proust - passando por Pascal, Racine, Rousseau e Baudelaire -, e as perspectivas dos estudos literários e do humanismo no contexto de uma cultura globalizada.

ANTUNES, ANTONIO LOBO


ANTONIO LOBO ANTUNES


António Lobo Antunes (nascido a 1
de Setembro de 1942 em Lisboa) é um escritor português e um dos autores mais conhecidos de Portugal, juntamente com José Saramago. Lobo Antunes foi já considerado um candidato ao Prémio Nobel da Literatura. Lobo Antunes é licenciado em Medicina, com especialização em Psiquiatria. Esteve destacado em Angola, entre 1970 e 1973, durante a fase final da Guerra Colonial portuguesa. A sua experiência de guerra inspirou muitos dos seus livros. Regressado a Portugal, trabalhou no hospital psiquiátrico Miguel Bombarda, em Lisboa. Foi militante da APU (Aliança Povo Unido - coligação liderada pelo Partido Comunista Português) em 1980. Actualmente vive em Lisboa, mas já não exerce medicina, dedicando-se em exclusivo à escrita.
Muitos dos livros de António Lobo Antunes referem ou reportam-se a todo o processo de passagem do fim do
Estado Novo até à implantação da Democracia. O fim da Guerra Colonial, o fim de um mundo burguês marcado por valores conservadores e retrógados. Os problemas de mudança social rápida no 25 de Abril e consequentemente a instabilidade política vivida em Portugal. Esse processo de passagem é espelhado nas relações familiares. Regra geral aparecem nos romances deste autor famílias disfuncionais em que o indíviduo está a perder os seus referentes, em que a comunicação é ou nula ou superficial entre os seus membros. regra geral os anti-heróis dos seus romances são pessoas que exercem profissões liberais oriundos de "boas famílias".


LIVRO SUGERIDO - EDITORA ROCCO


FADO ALEXANDRINO ( L! )

Fado Alexandrino é o retrato da sociedade portuguesa entre os anos de 1972 e 1982. António Lobo Antunes estava no último capítulo do livro de setecentas páginas, quando resolveu jogar tudo fora e voltar ao princípio. Finalizado em 1983, ele afirma que "este não é um romance sobre a guerra colonial na África; demorei uns dois anos a escrevê-lo. No fundo, é uma história, só uma, contada através de cinco personagens, cinco tipos. A idéia seria essa, contar estes últimos dez anos". Querendo ou não o autor, a obra é apontada pela crítica como um romance da geração que fez a guerra colonial africana e dela regressou com um sentimento interior de vazio.Um grupo de ex-militares (um tenente-coronel, um tenente, um alferes e um soldado) reúne-se num jantar com o ex-comandante de um batalhão expedicionário em Moçambique e à mesa relembra dez anos sobre si mesmo e sobre o Portugal de antes, durante e após a Revolução dos Cravos. As lembranças dos cinco evocam as disputas políticas e militares em Angola, as dificuldades no retorno a Lisboa, a guerra e suas terríveis conseqüências, as relações profissionais, familiares e sociais.À medida que o leitor progride na apresentação desta memória, infunde-se nele a sensação de fim, culminando num ambiente de dissolução caótica, onde o cometimento de um crime, na pessoa do tenente, começa na cumplicidade dos assassinos e acaba na combinação da ocultação do cadáver e regresso à aparente normalidade e marasmo da vida. Lobo Antunes denuncia desta forma não só a estupidez de uma guerra que vitimou milhares de pessoas, mas a banalização do crime sob todas as suas formas. Entre 1960 e 1974, Portugal enviou tropas para preservar suas colônias na África. Os diversos incidentes com a população local, marcados pela violência, caracterizaram historicamente esta guerra civil como o Vietnã português. As confissões das atrocidades daquele tempo e a convivência com esses horrores no cotidiano atual dos homens permeiam o encontro.António Lobo Antunes mistura tempos, sobrepõe lugares e sensações, intercala planos e imagens e subverte a linearidade narrativa para compor um romance onde se projetam a tragicomicidade e a esperança de dias melhores. Articula o presente com o passado por meio de um estilo marcado, por um lado, pelo pessimismo, o desencanto e a desilusão e, por outro, pela truculência satírica, o humor ácido e um lirismo magoado.
LIVRO SUGERIDO - EDITORA OBJETIVA
MEMÓRIA DE ELEFANTE (L!)
Memória de Elefante é o primeiro romance de Lobo Antunes. Lançado em Portugal em 1979, alcançou um sucesso tão extraordinário que permitiu a seu autor abandonar a Medicina e se dedicar integralmente à carreira de escritor.
O livro se passa em um único dia, um lírico dia na vida de um médico psiquiatra que regressou de Angola e, separado da mulher e das filhas, vem sofrendo uma crise existencial ao longo dos últimos anos de vida.
Um romance belo e universal, que coloca em evidência a fragilidade humana e também o ânimo necessário para se superarem os obstáculos de qualquer vida adulta.