ANTONIO LOBO ANTUNES
António Lobo Antunes (nascido a 1 de Setembro de 1942 em Lisboa) é um escritor português e um dos autores mais conhecidos de Portugal, juntamente com José Saramago. Lobo Antunes foi já considerado um candidato ao Prémio Nobel da Literatura. Lobo Antunes é licenciado em Medicina, com especialização em Psiquiatria. Esteve destacado em Angola, entre 1970 e 1973, durante a fase final da Guerra Colonial portuguesa. A sua experiência de guerra inspirou muitos dos seus livros. Regressado a Portugal, trabalhou no hospital psiquiátrico Miguel Bombarda, em Lisboa. Foi militante da APU (Aliança Povo Unido - coligação liderada pelo Partido Comunista Português) em 1980. Actualmente vive em Lisboa, mas já não exerce medicina, dedicando-se em exclusivo à escrita.
Muitos dos livros de António Lobo Antunes referem ou reportam-se a todo o processo de passagem do fim do Estado Novo até à implantação da Democracia. O fim da Guerra Colonial, o fim de um mundo burguês marcado por valores conservadores e retrógados. Os problemas de mudança social rápida no 25 de Abril e consequentemente a instabilidade política vivida em Portugal. Esse processo de passagem é espelhado nas relações familiares. Regra geral aparecem nos romances deste autor famílias disfuncionais em que o indíviduo está a perder os seus referentes, em que a comunicação é ou nula ou superficial entre os seus membros. regra geral os anti-heróis dos seus romances são pessoas que exercem profissões liberais oriundos de "boas famílias".
LIVRO SUGERIDO - EDITORA ROCCO
FADO ALEXANDRINO ( L! )
Fado Alexandrino é o retrato da sociedade portuguesa entre os anos de 1972 e 1982. António Lobo Antunes estava no último capítulo do livro de setecentas páginas, quando resolveu jogar tudo fora e voltar ao princípio. Finalizado em 1983, ele afirma que "este não é um romance sobre a guerra colonial na África; demorei uns dois anos a escrevê-lo. No fundo, é uma história, só uma, contada através de cinco personagens, cinco tipos. A idéia seria essa, contar estes últimos dez anos". Querendo ou não o autor, a obra é apontada pela crítica como um romance da geração que fez a guerra colonial africana e dela regressou com um sentimento interior de vazio.Um grupo de ex-militares (um tenente-coronel, um tenente, um alferes e um soldado) reúne-se num jantar com o ex-comandante de um batalhão expedicionário em Moçambique e à mesa relembra dez anos sobre si mesmo e sobre o Portugal de antes, durante e após a Revolução dos Cravos. As lembranças dos cinco evocam as disputas políticas e militares em Angola, as dificuldades no retorno a Lisboa, a guerra e suas terríveis conseqüências, as relações profissionais, familiares e sociais.À medida que o leitor progride na apresentação desta memória, infunde-se nele a sensação de fim, culminando num ambiente de dissolução caótica, onde o cometimento de um crime, na pessoa do tenente, começa na cumplicidade dos assassinos e acaba na combinação da ocultação do cadáver e regresso à aparente normalidade e marasmo da vida. Lobo Antunes denuncia desta forma não só a estupidez de uma guerra que vitimou milhares de pessoas, mas a banalização do crime sob todas as suas formas. Entre 1960 e 1974, Portugal enviou tropas para preservar suas colônias na África. Os diversos incidentes com a população local, marcados pela violência, caracterizaram historicamente esta guerra civil como o Vietnã português. As confissões das atrocidades daquele tempo e a convivência com esses horrores no cotidiano atual dos homens permeiam o encontro.António Lobo Antunes mistura tempos, sobrepõe lugares e sensações, intercala planos e imagens e subverte a linearidade narrativa para compor um romance onde se projetam a tragicomicidade e a esperança de dias melhores. Articula o presente com o passado por meio de um estilo marcado, por um lado, pelo pessimismo, o desencanto e a desilusão e, por outro, pela truculência satírica, o humor ácido e um lirismo magoado.
LIVRO SUGERIDO - EDITORA OBJETIVA
MEMÓRIA DE ELEFANTE (L!)
Memória de Elefante é o primeiro romance de Lobo Antunes. Lançado em Portugal em 1979, alcançou um sucesso tão extraordinário que permitiu a seu autor abandonar a Medicina e se dedicar integralmente à carreira de escritor.
O livro se passa em um único dia, um lírico dia na vida de um médico psiquiatra que regressou de Angola e, separado da mulher e das filhas, vem sofrendo uma crise existencial ao longo dos últimos anos de vida.
Um romance belo e universal, que coloca em evidência a fragilidade humana e também o ânimo necessário para se superarem os obstáculos de qualquer vida adulta.
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