VIEIRA, JOHANES

JOHANES VIEIRA

LIVRO ESCOLHIDO - EDITORA T.MAIS.OITO

COMANDOS VERMELHOS DO BRASIL – DOS PORÕES AOS SALÕES

O livro traz o relato de Johanes Vieira (nome fictício) um homem que se diz um dos fundadores do Comando Vermelho, facção criminosa do Rio de Janeiro originada da Falange Vermelha no presídio da Ilha Grande, na década de 70.Se for uma obra de ficção, é melhor do que muitos romances. Se for verdade, se trata do livro de maior impacto a contar a história do Comando Vermelho. O autor está doente e recluso, e uma de suas exigências é que o livro fosse lançado antes de sua morte, por isso não houve tempo de verificar se as informações são verdadeiras.Da vida nos presídios ao dia-a-dia do tráfico. Da boca de fumo às grandes negociações com o crime organizado internacional. Do primeiro assalto a carro blindado ao seqüestro de Roberto Medina. "Comandos Vermelhos do Brasil" traz a visão de quem passou a vida no mundo do crime. Trata-se, portanto, de um relato muito mais intrínseco do que qualquer reportagem ou documentário sobre o assunto.Johanes consegue nos colocar bem ali "onde rola a parada", como ele mesmo diz. É quase como se estivéssemos dentro dos lugares que fizeram parte de sua vida: desde a favela e a prisão até as suntuosas mansões dos líderes do tráfico mundial. Do lixo ao luxo. Com a onipotência de quem pode mandar matar ou soltar como se fosse uma coisa trivial. Alternando relatos muitas vezes chocantes com críticas contundentes ao sistema carcerário e à classe política como um todo, este livro mudará a forma como são vistos o crime, a imprensa e a política do nosso país.Ao se acreditar na história, o leitor saberá que os criminosos que hoje ocupam as manchetes da mídia são “meros fichinhas” perto dos verdadeiros responsáveis pelos crimes no Brasil, que moram nas mansões acima de qualquer suspeita das principais cidades do País.

HUSTON, NANCY


NANCY HUSTON


Nancy Huston nasceu em 1953 em Calgary, Canadá. Filha de um casal de pesquisadores universitários, aos seis anos foi abandonada pela mãe, experiência que deixou marcas profundas na sua vida, e, inclusive, a fez optar pela literatura. Aos quinze anos se estabeleceu nos Estados Unidos com o pai. Em 1973, feminista, chegou a Paris e se engajou nos grupos pós-68, aderindo a seus ideais marxistas. Estreou na literatura em 1979, com um livro de ensaios. Em 1981, publicou seu primeiro romance, Les Variations Goldberg, pelo qual foi indicada ao Prêmio Femina. Seguiram-se outros dez, entre os quais os de maior sucesso são Cantique des plaines (1993) – que lhe trouxe renome internacional –, Instrument des ténèbres (1996), L’Empreinte de l’Ange (1998), Dolce Agonia (2001) e Marcas de Nascença (2006). Além de diversas premiações recebidas ao longo dos anos, em 2006 foi finalista do Prêmio Goncourt e vencedora do Prêmio Femina por Marcas de Nascença.
Fluente em francês e inglês, a autora escolhe a língua da escrita em função da ambientação do livro. No caso de Marcas de Nascença, a opção foi pelo inglês. Numa entrevista concedida à revista francesa Elle, a autora revela que os livros escritos em inglês são os que mais a tocam, provavelmente por ser sua língua materna. A autora também traduz seus próprios livros de uma língua à outra, utilizando esse processo para fazer ajustes na versão original, como em Marcas de Nascença, escrito originalmente em inglês e traduzido imediatamente para o francês pela autora. Nancy Huston é casada com o historiador, filósofo e lingüista búlgaro Tzvetan Todorov, com quem tem dois filhos.


LIVRO ESCOLHIDO - EDITORA L&PM


MARCAS DE NASCENÇA


“Um adulto nada mais é do que uma criança que sofreu.” Essa é a principal idéia por trás de Marcas de Nascença, o 11º romance de Nancy Huston, autora canadense radicada na França. Partindo de uma idéia singela e genial, a escritora conta a história de uma família marcada pelo desenraizamento, pelo dilaceramento da guerra e pela busca de identidade. E o faz de uma maneira originalíssima: por meio do olhar infantil, inocente e perspicaz de quatro crianças, numa narrativa que viaja por vários pontos do planeta, começando na Califórnia do ano de 2004 e terminando na Alemanha que, entre 1944 e 1945, está em vias de perder a guerra. Do garoto californiano no início do século XXI à menina alemã dos anos 1940, pouco há em comum além de uma marca de nascença hereditária. Mas, à medida que a narração avança, fica claro que há muito mais a unir os membros de uma família além dos laços meramente sangüíneos...
Marcas de Nascença é uma obra polifônica não apenas por ter quatro narradores, mas pela multidão de assuntos abordados: a educação infantil, o fascínio da violência, o exílio, a força e os limites da memória, os legados familiares, a incomunicabilidade das experiências traumáticas, as conseqüências do silêncio e da vergonha.
Nancy Huston, com seus personagens cativantes e profundamente humanos, seu olhar agudo de observadora, sua noção penetrante do detalhe, sua sabedoria e seu conhecimento do mundo, faz a crônica dessa família de origem judaica parecer uma sinfonia de dor e de compreensão sobre toda a humanidade. Entre passado e presente, Velho e Novo Mundo, no entrecruzamento da História com as histórias individuais, a autora demonstra um domínio narrativo como poucos nomes da literatura universal.
Um livro atualíssimo, comovente, bem-humorado, perturbador, depois do qual o leitor não será mais o mesmo. Contra a barbárie eleva-se este desconcertante e reparador romance no qual, com amor e fúria, Nancy Huston faz uma ode à memória, à lealdade, à resistência e ao entendimento entre os homens.