MATOS, OLGÁRIA








OLGÁRIA MATOS

Olgária Matos, um dos grandes nomes da filosofia mundial, é professora titular da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP. Além de ´Discretas esperanças´, sua obra inclui os livros ´Os arcanos do inteiramente outro´, ´Vestígios – Escritos de filosofia e crítica social´ e ´História viajante: notações filosóficas na França e na Itália´. Olgária Matos participa ativamente da cena cultural brasileira, colaborando em periódicos especializados e suplementos de cultura da imprensa.

LIVRO ESCOLHIDO – EDITORA NOVA ALEXANDRIA

DISCRETAS ESPERANÇAS (L!)

Resgatando elementos de diversos campos do saber – filosofia, literatura, artes plásticas – Olgária Matos, em ´Discretas esperanças´ explicita uma inter-relação peculiar entre política e cultura. Em tempos de instituições democráticas corrompidas e de perda de referenciais humanísticos, essa importante obra discorre sobre questões essenciais da contemporaneidade.Reunida sob forma de ensaios, interligados pela busca da compreensão dos processos inerentes ao mundo contemporâneo, a obra é intensamente fecunda na medida em que retoma a tradição do pensamento filosófico para subsidiar essa tarefa. A autora revisita de Sócrates a Foucault, detendo-se mais demoradamente nos filósofos da Escola de Frankfurt, já que é uma importante intérprete das idéias dessa escola no Brasil.É latente na obra um trajeto explicitando como, com o advento da modernidade, a preocupação com a natureza e com o bem viver foram diminuindo à proporção em que o progresso técnico foi se intensificando. Pode-se ver isso no ensaio ´Ciência da natureza desencantada ao reencantamento do mundo´, no qual Olgária Matos utiliza o mundo grego como espelho para oferecer a imagem do contemporâneo: completamente dominado por uma ciência estritamente técnica que não reflete sobre si mesma, sobre o seu papel na sociedade. Impregnada desse espírito acrítico, a mídia se impõe, tornando homogêneos pensamentos e sentimentos.A indústria cultural conduz o indivíduo a preferências intelectuais parcas de significado humanista, em dívida com reflexões mais sofisticadas acerca de seu contexto social. Como poderia o indivíduo pensar criticamente, em meio a aceleradas e rasas informações midiáticas, a própria política, a qual se encontra em ampla crise ética? Dessa forma, dogmatismos são incentivados e aprofundados e a razão, que seria portadora das medidas tanto na vida privada, como na pública, não mais se reveste da capacidade de deliberar e agir em busca da paz e do bem-estar.Trata-se de uma busca constante por uma sociedade que se alicerce nos laços da amizade, da fraternidade e da compaixão; por homens que se destituam do desejo de dominação e renunciem a se relacionar com a natureza como mero objeto; é, sobretudo, a tentativa de contemplar a questão ´Que tipo de civilização queremos?´

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