FRYE, NORTHROP

NORTHROP FRYE



Nothrop Frye nasceu em Québec, Canadá, em 1912. Foi professor de literatura na Universidade de Toronto. Em 1947 publicou seu primeiro livro (Fearful Symmetry: a study of William Blake), revolucionando a crítica sobre o poeta inglês do século XVIII. Frye considerava que literatura, arte e o pensamento crítico em torno delas eram o aspecto propriamente civilizado da civilização. Publicou também: Anatomia da crítica, O caminho crítico, T. S. Eliot, Sobre Shakespeare, todos traduzidos para o português. Faleceu em 1991, aos 78 anos.


LIVRO ESCOLHIDO - BOITEMPO EDITORIAL

O CÓDIGO DOS CÓDIGOS (L!)


“A Bíblia certamente é um elemento da maior grandeza em nossa tradição imaginativa, seja lá o que pensemos acreditar a seu respeito. Todo o tempo ela nos joga a pergunta: por que esse livro enorme, extenso, desajeitado, fica bem no meio de nosso legado cultural, como o "grande Boyg" ou esfinge em Peer Gynt, impedindo nossos esforços de circundá-lo?” Northrop Frye Uma análise da obra mais importante da cultura ocidental, a Bíblia, não com um olhar religioso, mas sim analisando-a como um texto literário. O crítico e professor canadense Northrop Frye se lançou nesta empreitada sobre o estilo e a construção dos mitos no livro sagrado com erudição, rigor e a energia de quem trocou o sacerdócio pela carreira acadêmica. Isso está em O código dos códigos, obra traduzida para mais de vinte idiomas, que a Boitempo lança no Brasil; com tradução do crítico literário e escritor Flávio Aguiar. “Logo compreendi que um estudioso da literatura inglesa que não conheça a Bíblia não conseguirá entender o que se passa", escreve Frye na introdução da obra. O autor vai além e analisa a retórica da religião; sua linguagem, mitos e metáforas: a evolução da narrativa construída através dos diversos textos bíblicos do Antigo e do Novo Testamento; e a “tipologia” da Bíblia, no sentido de retórica que se propõem a antever o futuro, dando um sentido para a história, no caso a trajetória do homem do Paraíso Perdido a redenção no Apocalipse. Como Flávio Aguiar explica: “A Bíblia tem por tema principal o tempo, e o tempo futuro". Ao analisar os textos bíblicos desse ponto de vista inusitado, a inteligência de Frye desvenda as raízes da cultura judaico-cristã, estabelece relações com mitologias de outros povos e comenta as influências do ideário contido na Bíblia na política, nas artes, na moral, na cultura e nas ideologias até a sociedade contemporânea - onde Frye estabelece um curioso paralelo narrativo entre a tipologia bíblica e o marxismo. E claro, como não podia deixar de ser, o livro, mesmo sem ter esta intenção, acaba lidando com questões da própria religião. Livro polêmico sobre o mais influente livro da história, O código dos códigos é um trabalho analítico com texto fluente e preciso, de um crítico literário profundamente emprenhado do ponto de vista ético, que desvenda não o código Da Vinci da ficção, mas aquela que, para milhões, é vista como a palavra de Deus.

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