SEBALD, W. G.




W. G. SEBALD

“Se o passado preocupasse mais as pessoas, os eventos que tanto nos afligem talvez ocorressem com menos freqüência. Pelo menos, a sós consigo mesmo em seu próprio quarto, não se faz mal a ninguém.”


Naturalidade
Bavária, Alemanha
Formação
Liceu Obersdorf, graduando-se em seguida em literatura alemã pela Universidade de Freiburg.
Outras atividades
Sebald seguiu uma carreira acadêmica concentrada especialmente na Universidade de East Anglia, onde se tornou professor de literatura européia e criou o Centro Britânico para Tradução Literária.
Você sabia?
Sebald não acreditava que os escritores lograssem tratar diretamente de temas como os horrores do Holocausto sem que caíssem nas armadilhas do sensacionalismo ou do sentimentalismo.
Opinião crítica
Aclamado por Susan Sontag como o “mestre contemporâneo da literatura do lamento e da inquietação mental”, sua súbita morte num acidente de automóvel privou o meio literário de uma das suas figuras mais originais. Os Emigrantes, seu primeiro livro traduzido para o inglês e publicado em 1996, recebeu vários prêmios na Alemanha e foi uma das estréias mais elogiadas da década. As traduções de Os Anéis de Saturno (The Rings of Saturn) em 1998 e Vertigem (Vertigo) em 1999 – também pelo poeta Michael Hulse – selaram sua reputação de maneira definitiva. Ao focar a história a partir de um olhar oblíquo em que combinava gêneros literários e dissipava as fronteiras entre fato e ficção e arte e documentário (recorrendo freqüentemente a nomes reais e fotografias), Sebald escreve num estilo que ele mesmo denominou “ficção em prosa”.
Obras recomendadas
Austerlitz, o derradeiro romance de Sebald, é amplamente reconhecido como seu tour-de-force. A história envolve um homem de seus 50 anos que recupera as lembranças de sua chegada à Inglaterra, vindo de Praga, a bordo do Kindertransport. Suas obras anteriores compõem uma trilogia onde se exploram questões como memória, exílio e identidade européia. No rastro de sua estrela literária em alta, mereceram traduções também sua poesia ‘Após a Natureza’ (After Nature) assim como sua obra de não-ficção ‘Sobre a História Natural da Destruição’ (On the Natural History of Destruction), em que aborda o bombardeio das cidades alemãs pelas forças aliadas.
Influências
Sebald tem sido comparado a Borges, Calvino, Thomas Bernhard, Nabokov e Kafka; em suas ficções em prosa, pode-se-lhe creditar a invenção de uma nova forma literária parte romance híbrido, parte memórias, parte narrativa de viagem.
Leia, portanto.
Tente qualquer um dos autores acima mencionados. Sebald era um fervoroso admirador de Elias Canetti, outro autor europeu exilado na Inglaterra.


LIVRO ESCOLHIDO – EDITORA RECORD


OS EMIGRANTES


O narrador das histórias do escritor alemão W.G. Sebald, morto em dezembro numa estrada do interior da Inglaterra, é sempre o mesmo: um peregrino em busca do conhecimento. Lastima que só encontre ignorância no fim do caminho. Sebald, gigante da literatura contemporânea, de quem a Record lança Os Emigrantes, morreu justamente quando chegou ao topo. Ia receber o importante prêmio literário National Book Critics Circle por Austerlitz, seu último livro. A rigor, não se pode dizer que Sebald morreu, porque ele empresta seu nome ao narrador de seus livros. Publicado em alemão há dez anos, Os Emigrantes, síntese de sua obra, lida com essa questão da identidade. Conta a saga de quatro pessoas que abandonam o país em que nasceram. São eternos nômades numa terra devastada. O narrador investiga o passado desses emigrantes, o primeiro deles um senhor lituano atormentado pela idéia do êxodo. No segundo capítulo, um professor compreende o que significa não ser ariano após lutar como soldado do exército alemão e descobrir que seu avô era judeu. Você já leu histórias parecidas antes nos livros do austríaco Thomas Bernhard, implacável crítico do anti-semitismo.
Há muitos pontos em comum entre Sebald e Bernhard, mas, como lembrou Susan Sontag, também entre Sebald e Stendhal, outro escritor viajante. Mais um elo com Stendhal é a paixão pela música. Os Emigrantes é um quarteto com uma conclusão trágica: só nos resta o crédito no narrador da história alheia, que ele defende como se fosse a própria.

Nenhum comentário: