HERSEY, JOHN RICHARD






JOHN RICHARD HERSEY

Born June 17, 1914, Tientsin, China died March 24, 1993, Key West, Fla., U.S.
American novelist and journalist noted for his documentary fiction about catastrophic events in World War II.
Hersey lived in China, where his father was a secretary for the Young Men's Christian Association and his mother was a missionary, until he was 10, at which time his family returned to the United States. He graduated from Yale University in 1936, and he served as a foreign correspondent in East Asia, Italy, and the Soviet Union for Time andLife magazines from 1937 to 1946. His early novel A Bell for Adano (1944), depicting the Allied occupation of a Sicilian town during World War II, won the 1945 Pulitzer Prize. Hersey's next books demonstrated his gift for combining a reporter's skill for relaying facts with imaginative fictionalization. Both The Wall (1950), about the Warsawghetto uprisings, and Hiroshima (1946), an objective account of the atomic bomb explosion in that city as experienced by survivors of the blast, are based on fact, but they are also personal stories of survival in Poland and Japan in World War II.
Hersey's later novels encompassed a wide variety of subjects and ranged from treatments of contemporary political and social issues to moral parables set in the world of the future. These works interweave social criticism and their author's moralistic aims with imaginative plots and premises.


LIVRO ESCOLHIDO - EDITORA COMPANHIA DAS LETRAS

HIROSHIMA

Um ano depois, a reportagem de John Hersey reconstituía o dia da explosão a partir do depoimento de seis sobreviventes. O texto mudou a edição inteira da revista The New Yorker, uma das mais importantes publicações semanais dos Estados Unidos. O trabalho do repórter alcançou uma repercussão extraordinária não só dentro dos Estados Unidos como fora, permitindo ao mundo tomar consciência do poder de destruição das armas nucleares. Despertou, com isso, a ira do governo norte-americano, que temia a reprovação de seus cidadãos diante do brutal atentado.
À época, Hersey, que morreu na Flórida em 1993, tinha 32 anos. Nascera na China, mas mudara para os Estados Unidos aos 11 anos de idade, estudando em Cambridge e Yale. Já era um jornalista experiente e colaborava com a The New Yorker, que era dirigida por dois veteranos da imprensa, Harold Ross e William Shawn, que deram à revista a fama de publicar os melhores textos. A curiosidade era que a dupla, independente da notoriedade dos colaboradores, reescrevia todos os textos que chegavam à redação.
Em 1946, Hersey estava cobrindo o pós-guerra no Oriente com as contas rachadas – num acordo inusitado – pelas revistas Life e The New Yorker. Da China, ele aceitou a encomenda., mas sugeriu que o esperassem retornar a Nova York para publicar a reportagem, que deveria sair por volta do primeiro aniversario do lançamento da bomba. Ficou no Japão de 25 de maio a 12 de junho. Nesse espaço de tempo, entrevistou os seus personagens e outros habitantes de Hiroshima, pedindo a cada que reconstruísse com a memória ainda bem fresca o dia da explosão e os subsequentes.
Ao retornar, Hersey fez vários ajustes na matéria, atendendo a pedidos dos editores. A reportagem saiu na edição de 31 de agosto de 1946. Os 300 mil exemplares da The New York, pela primeira vez dedicada apenas a um assunto, esgotaram-se rapidamente. E, assim, os norte-americanos e o mundo conheceram em detalhes as imagens que os demais artigos haviam evitado contar.
Sem se deixar levar por pieguice ou exagerar nos adjetivos, Hersey escreveu um texto enxuto, direto, porque sabia que estava com uma historia extraordinária nas mãos. Bastava deixar o texto fluir, descrevendo os pormenores daquilo que parecia indescritível – e mesmo inimaginável ainda hoje. É, como foram aqueles dias: certamente, por isso que o seu texto seco, sem discursos humanitários, mais de meio século depois, não perde a capacidade de chocar. Constitui um libelo contra a insanidade humana.

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