GOMBROWICZ, WITOLD

WITOLD GOMBROWICZ
 Nasceu em 1904 numa propriedade rural perto de Varsóvia. Formou-se em direito pela Universidade de Varsóvia e completou os estudos em Paris, graduando-se em filosofia e economia. Iniciou a carreira literária em 1933, com a publicação da coletânea de contos surrealistas Memórias dos tempos da imaturidade. Em 1939, partiu para Buenos Aires, mas não conseguiu voltar a sua terra natal, invadida durante a Segunda Guerra. Passou 24 anos na Argentina e, em 1963, recebeu uma bolsa da Fundação Ford para viver um ano em Berlim. Após o término da bolsa, mudou-se para o sul da França, e permaneceu lá até a morte, em 1969. Recebeu o Prix Internatinal de Littérature por Cosmos, em 1965.

LIVRO ESCOLHIDO - EDITORA COMPANHIA DAS LETRAS

COSMOS

Quem cometeu o crime mais esquisito da história da literatura detetivesca, presente logo nas primeiras páginas de Cosmos, a última história de Witold Gombrowicz? Terá sido um dos membros daquela família extravagante que acolhe o narrador na pensão de província durante suas férias? O pater familias, com seus hilariantes acessos histéricos à mesa? A mãe gordinha e repressora? A bela e silente Lena, filha do casal, tresandando uma sufocada sensualidade? A empregada de lábios reptilianos? Fuks, o repelente escudeiro do narrador?As pistas para a resolução do enigma ao mesmo tempo macabro e burlesco talvez estejam naquelas manchas e riscos no teto da sala de jantar e do quarto que parecem formar constelações de significados, do mesmo jeito que as estrelas no céu compõem as figuras clássicas da astronomia antiga. Pelo menos é isso que o narrador se esforça para ver ali, em sua ânsia por ordem e significado em meio a um mundo louco que lhe parece perigosamente à deriva.O culpado pode ser qualquer um, ou nenhum, dos excêntricos personagens que se movem em meio à neblina onírica de Cosmos. Talvez o dedo detetivesco do narrador aponte para si mesmo. Ou, hipótese ainda mais eletrizante, para o próprio leitor. Quem se aventura?
"Um dos livros mais profundos dos tempos modernos." - John Updike