HARI, DAOUD



DAOUD HARI

Daoud Hari é membro de uma tribo sudanesa da região de Darfur. Ele trabalha como intréprete e guia para ONGs e jornais em busca de fatos por essa perigosa região, arrasada por conflitos sanguinários.
Hari foi capturado e detido como espião pelo governo do Sudão, em agosto de 2006. Na ocasião estava em companhia de Paul Salopek, vencedor do Prêmio Pulitzer, e seu motorista A (conhecido como "Ali").
Por meses os três foram espancados e passaram por muitas privações. Ao serem soltos, após grande clamor internacional de diplomatas e militares americanos, do cantor Bono e até mesmo do Papa, Hari mudou-se para os EEUU, onde começou a escrever suas memórias a fim de atrair a atenção do mundo para a situação de seu país e de seu povo.
Em 2008, Hari publicou suas memórias sob o título: OTradutor: Memórias de um Membro Tribal de Darfur (The Translator: A Tribesman’s Memoir of Darfur).
D. Hari também é conhecido como Suleiman A. M. Como ele explica em suas memórias, esta é uma identidade falsa, inventada por ele para se fazer passar por cidadão do Chade e assim poder trabalhar como intérprete nos campos sudaneses de refugiados. Pela lei do Chade, apenas seus cidadãos têm permissão para trabalhar nesses locais.

LIVRO ESCOLHIDO - EDITORA ROCCO
O TRADUTOR - MEMÓRIAS DE UM HOMEM QUE DESAFIOU A GUERRA

Daoud Ibarahaem Hari nunca vai se esquecer do dia em que helicópteros do exército sudanês destruíram seu vilarejo em Darfur. Apesar de seu pai e de sua mãe terem escapado dos tiros de metralhadora disparados contra a população civil, seu querido irmão Ahmed, membro da resistência, morreu no campo de batalha. Indignado contra essa e tantas outras barbaridades cometidas contra homens, mulheres e crianças de seu país, Hari decidiu arriscar sua vida para denunciar ao mundo o genocídio no Sudão. Em vez de armas, porém, ele preferiu usar outra estratégia: a habilidade para falar árabe, inglês e zaghawa. Guia e tradutor de repórteres estrangeiros que cobriram a guerra iniciada em 2003, Daoud Hari contou com a ajuda dos jornalistas Dennis Michael Burke e Megan K. McKenna para dar o seu impressionante testemunho sobre a sinistra situação de sua terra natal no livro O tradutor – Memórias de um homem que desafiou a guerra.
Com a mesma fé e coragem com que conduziu jornalistas europeus e estadunidenses pelas montanhas de Darfur, o jovem da tribo zaghawa relata a crueldade com que o governo do Sudão perseguiu a sua tribo e o seu próprio povo, no objetivo de aniquilar seus povoados e abrir espaço para a exploração de petróleo no território sudanês. Milhões de pessoas refugiaram-se em abrigos no Chade, país vizinho, e centenas de milhares perderam a vida.
O horror implementado pelo governo sudanês deflagrou uma guerra civil, que mobilizou grupos rebeldes armados em todo o país, inclusive em suas fronteiras. Mover-se pelo conturbado Sudão era uma aventura tão perigosa e impactante que surpreendia até mesmo experientes membros da imprensa internacional. Uma repórter francesa, depois de ver corpos de crianças mortas durante o conflito, passou vários dias no hospital, sem falar, comer ou beber.
Da tragédia que se abateu sobre o Sudão, Daoud Hari transmite aos seus leitores uma mensagem de esperança, com os exemplos de solidariedade e dignidade que encontrou no país dividido pelas armas. Preso, torturado e acusado de espionagem, Hari –- ou Suleiman Abakar Moussa, na falsa identidade chadiana – exilou-se e hoje é um admirado militante dos direitos humanos nos EUA. Das memórias de um humilde tradutor que desafiou a guerra vem a lembrança de que a paz depende do esforço e da contribuição de cada um de nós.

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