ABULHAWA, SUSAN


SUSAN ABULHAWA

Susan Abulhawa, filha de pais refugiados da Guerra dos Seis Dias, é uma escritora americana de origem palestina. Viveu em vários lugares do Oriente Médio antes de se estabelecer nos EUA, onde fez pós-graduação em ciências biológicas. Frustrada pelas notícias tendenciosas sobre a situação de seu povo, começou a escrever ensaios para jornais, como o New York Daily News, Chicago Tribune, Christian Science Monitor, Philadelphia Inquirer etc. Em 2002, ao testemunhar a barbárie que ocorreu em Jenin, resolveu contar a história do seu povo. Ao regressar da visita, fundou a Playgrounds for Palestine, para construir áreas de lazer para as crianças de territórios ocupados. Como escritora participou de duas antologias: Shattered Illusions e Searching Jenin.



LIVRO ESCOLHIDO - EDITORA RECORD
A CICATRIZ DE DAVID

Passado entre 1941 e 2002, A CICATRIZ DE DAVID é um romance pungente, que tenta entender uma das mais intricadas questões geopolíticas da humanidade. A autora, filha de refugiados palestinos, conhece de perto a realidade que trata nesta saga. Uma história que remonta aos momentos iniciais da criação do Estado de Israel e à expulsão dos palestinos, seguindo pelas as guerras e conflitos que duram até hoje.Com a criação do novo Estado 1948, a família palestina de Dalia e Hasan, que vive ao ritmo da colheita da azeitona em Ein Hod, vê seu destino mudar. O pequeno povoado torna-se importante peça do esforço sionista para estabelecer e expandir o Estado recém-formado. Durante a expulsão dos palestinos, o filho mais novo do casal, Ismael, marcado por uma cicatriz no rosto, é roubado pelo oficial israelense Moshe e entregue como presente à sua esposa Jolanta, uma sobrevivente de campo de concentração que não podia engravidar devido à violência praticada sexual por guardas nazistas. Dali em diante, o menino passa a se chamar David, e é educado segundo os preceitos da religião judaica, ignorando suas origens e desprezando os árabes, enquanto os membros de sua família biológica são expulsos das terras e deslocados para um campo de refugiados em Jenin, administrado pela ONU. É lá que nasce Amal, caçula de Dalia e Hasan e narradora desta saga de um mundo dividido. Seu nome significa esperança, algo que Dalia perdeu depois de anos de guerra e opressão, esperando retornar à amada Palestina de seus ancestrais. Pelos olhos de Amal, os leitores conhecem a rotina de gerações de refugiados e as humilhações impostas aos palestinos pelo exército israelense. Testemunham também histórias de amor que ultrapassam as barreiras das batalhas e do ódio, nascimentos de crianças e jovens desenvolvendo uma apreciação pela poesia e os estudos. Aguardando um hipotético retorno à terra natal, Yousef e Amal, os filhos sobreviventes da família dizimada, terão de amadurecer e dar sentido à suas vidas.Enquanto isso, Moshe, angustiado pelo remorso, ainda ouve os gritos da mãe da criança que seqüestrou. Sua inquietação é multiplicada pelo sonho de um lugar seguro para o povo judeu estar mergulhado em sangue. Dalia, sufocada pela demência, recebe a notícia de que o marido foi dado como morto após a guerra. Seu filho mais velho, Yousef, é constantemente espancado e torturado.Vinte anos depois de seu seqüestro, o jovem David seguirá para o front durante a Guerra dos Seis Dias, onde se defrontará com o irmão Yousef, combatente da causa palestina, que o reconhece pela sua cicatriz. É o início de uma guerra fratricida entre o irmão mais velho, vencido pelo ódio, e Ismael-David, que se tornou inimigo do próprio povo, e de uma longa jornada em busca da verdadeira identidade de um homem partido ao meio. Resta à narradora, Amal, que parte para os Estados Unidos para viver o sonho americano, preservar a memória da Palestina e dos entes próximos.



(p/ Felipe Vieira, RS, 15/01/2009)

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