Otto Maria Carpeaux (Otto Karpfen, de nascimento), filho de pai judeu e mãe católica, nasceu em Viena (Áustria), em 9 de Março de 1900, onde cursou o ginasial. Ingressou na faculdade de direito, por sugestão familiar, abandonando-a um ano depois. Estudou filosofia (doutorou-se em 1925), matemática (em Leipzig), sociologia (em Paris), literatura comparada (em Nápoles) e política (em Berlim); além de dedicar-se à música.
Em 1930 casou-se com Helena Carpeaux.
Dedica-se intensamente à literatura e ao jornalismo político. Converte-se à religião católica e torna-se homem de confiança de dois primeiros-ministros em Berlim, Engelbert Dollfuss e Kurt Schuschnigg, os últimos primeiro-ministros antes do Reich Alemão, respectivamente, o que o obrigando a seguir para o exílio. Em princípios de 1938 foge com a mulher para Antuérpia (Bélgica), onde ainda trabalha como jornalista na Gaset Van Antwerpen, maior jornal belga de língua holandesa.No Brasil
Diante da escalada nazista, Carpeaux ainda sente-se inseguro e foge com a mulher, em fins de 1939, para o Brasil. Durante a viagem de navio, estoura a guerra na Europa. Recusando qualquer conciliação com o que estava acontecendo no Reich, muda seu sobrenome germânico Karpfen para o francês Carpeaux.
Ao desembarcar, nada conhecia da literatura brasileira, nada sabia do idioma e não tinha conhecidos. Na condição de imigrante, foi enviado para uma fazenda no Paraná, designado para o trabalho no campo.
O cosmopolita e erudito Carpeaux ruma para São Paulo. Incialmente passa dificuldades, sem trabalho, sobrevive à custa de desfeitas de seus próprios pertences, inclusive livros e obras de arte. Autodidata, o homem que já sabia inglês, francês, italiano, alemão, espanhol, flamengo, catalão, galego, provençal, latim e servo-croata, em um ano aprende e domina o português.
Em 1940, tenta ingressar no jornalismo nacional, mas não consegue. É então que escreve uma carta a Álvaro Lins, a respeito de um artigo sobre Eça de Queiroz. A resposta é feita em forma de um convite, em 1941, para escrever um artigo literário para o Correio da Manhã, do Rio de Janeiro. Seu artigo é publicado e um emprego é garantido. Iniciava uma publicação regular. Até 1942, Carpeaux escrevia os artigos em francês, que eram traduzidos.
Mostrando sua grande inteligência e erudição, divulgou autores estrangeiros e tornou-se um grande crítico literário. Nesse mesmo ano de 1942, Otto Maria Carpeaux naturalizou-se brasileiro. Ainda nesse ano, publica o livro de ensaios Cinzas do Purgatório.
Entre 1942 e 1944 Carpeaux foi diretor da Biblioteca da Faculdade Nacional de Filosofia. Em 1943, publica Origens e Fins.
De 1944 a 1949 foi diretor da Biblioteca da Fundação Getúlio Vargas. Em 1947 publica sua monumental História da Literatura Ocidental - o mais importante livro do gênero em língua portuguesa. Em 1950, torna-se redator-editor do Correio da Manhã. Em 1951, publica Pequena Bibliografia Crítica da Literatura Brasileira, obra singular na literatura nacional - reunindo, em ordem cronológica, mais de 170 autores de acordo às suas correntes, da literatura colonial até nossos dias. Sua produção crítica literária é intensa, escrevendo em jornais semanalmente.
Em 1953, publica Respostas e Perguntas e Retratos e Leituras. Em 1958, publica Presenças, e em 1960, Livros na Mesa.
Carpeaux foi forte opositor do Golpe Militar, em 1964, redigindo artigos acerca da retrógrada autoridade da então nova ordem miltiar, participando de debates e eventos políticos.
Em 3 de fevereiro de 1978, sexta-feira de Carnaval, morre no Rio de Janeiro, de ataque cardíaco.
LIVRO ESCOLHIDO - EDIÇÕES DO SENADO FEDERAL
HISTÓRIA DA LITERATURA OCIDENTAL - 4 VOLUMES
Essa extensa obra aborda a herança da literatura grega, o mundo romano, o cristianismo, a fundação da Europa, o universalismo cristão, a literatura dos castelos e aldeias, a oposição burguesa e eclesiástica, a transição do Trecento, a Renascença e Reforma no Quatrocento e Cinquecento, o Barroco e Classicismo, o Rococó e a revolução pré-romântica, o Romantismo, a literatura burguesa do Realismo ao Naturalismo, o Fin de Siécle do Simbolismo até as revoltas modernistas e as tendências contemporâneas.
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